MOSTEIRO DE SÃO BENTO
Localizado no centro da cidade de São Paulo, no Largo de São Bento, próximo ao Vale do Anhangabaú, é um dos edifícios históricos mais importantes da capital paulista.
O conjunto todo é o Mosteiro de São Bento, nele há a clausura monástica, a Basílica Abacial de Nossa Senhora da Assunção (elevada a esta dignidade em 14 de junho de 1922), onde há o coro para o ofício divino rezado diariamente pelos monges e a missa é celebrada, ambos no rito monástico e com canto gregoriano, e Colégio de São Bento e Faculdade de São Bento.
Em maio de 2007, hospedou o Papa Bento XVI em sua primeira visita ao Brasil.
HISTÓRIA
Com a chegada dos monges beneditinos à São Paulo em 1598 foi fundada uma pequena ermida, núcleo inicial da presença dos beneditinos na cidade e preparação para a formação do primeiro núcleo comunitário e a edificação do mosteiro. A Câmara Municipal doou, em 9 de maio de 1600, uma gleba de terra situada "no lugar mais ilustre da vila, depois do Colégio da Companhia" (O Colégio dos Jesuítas, no Pateo do Collegio), em doação perpétua. O local era o mesmo onde se localizava a antiga taba do cacique Tibiriçá ( que promovia e realizava a aproximação euro-americana em 1562))
Ao fim de 1634, as obras foram concluídas e pode ser constituída a Abadia, inicialmente a pequena capela foi dedicada a São Bento, mais tarde, a pedido do Governador da Capitania de São Vicente, D. Francisco de Sousa, foi alterado o patrono para Nossa Senhora de Montserrat e, em 1720, a capela passou a chamar-se de Nossa Senhora da Assunção, título que conserva até hoje.
O mosteiro inicial era muito pequeno e a capela não era suficiente para receber todas as pessoas que a procuravam. Sabedor das dificuldades financeiras dos monges, Fernão Dias Pais se prontificou a ajudar financeiramente a construção de uma nova capela e ser o benemérito maior do mosteiro, em troca pediu apenas que seus restos mortais e de sua família viessem a ficar guardados na capela que ele ajudaria a erigir e, de fato, ele e sua esposa repousam perenemente na cripta do Mosteiro. Em 1650, foi lançada a pedra fundamental dessa nova construção que ficou pronta antes da morte de seu benemérito em 1681.
CONSTRUÇÃO DO MOSTEIRO
O novo conjunto foi totalmente edificado de acordo com o estilo Beuron, assim chamado por ter se originado no mosteiro de Beuron, na Alemanha, no final do século XIX. Os princípios do estilo Beuron foram sistematizados pelo Padre Demetrius Lenz, um de seus criadores. Alguns deles são:
*A arte fala para a mente de quem a observa. A arte é em si venerável e convida o observador à veneração. Ela não se destaca de modo atrevido por si só, mas é parte de um ambiente de veneração.
*As obras são anônimas, feitas por esforço coletivo, e não para a glória do artista, mas de Deus.
*Da mesma forma que com os ícones, o estilo Beuron favorece a imitação ao invés da originalidade, com a cópia a mão livre revelando o verdadeiro gênio de um artista.
*Há uma integração total da arte e da arquitetura. A pintura e a escultura não são 'adesivos' de um projeto arquitetônico, mas parte integral deste. A arte Beuron compreende a pintura, arquitetura, cálices e mobiliário.(12)
Esse estilo combina elementos das artes egípcia, bizantina e românica gerando no entanto um resultado harmonioso e de fulgurante beleza. Creio também que o estilo Beuron tenha sido influenciado pelos pré-rafaelitas e pelo movimento Arts and Crafts da Inglaterra, ou que todos tenham sido influenciados por uma fonte comum, dadas as semelhanças entre eles.
ARQUITETURA E ARTE
A sóbria fachada de granito cinza, ornamentada parcimoniosamente com algumas esculturas (entre elas a colossal estátua em bronze do patriarca S. Bento, de 3 metros de altura, de autoria de Heinrich Waderé, que foi professor da Academia de Belas-Artes de Munique), baixos-relevos e painéis de terracota, não dá nenhuma pista do que irá se encontrar no interior da igreja: não há uma superfície, do chão ao teto, que não seja coberta com ricas pinturas, esculturas, vitrais ou mosaicos. O projeto arquitetônico é do alemão Richard Berndl; as pinturas, esculturas e demais ornamentos são de autoria de monges-artistas alemães e belgas, escolhidos a dedo entre os religiosos beneditinos com maior aptidão para as artes, e submetidos a anos de intenso treinamento artístico Segundo Percival Tirapelli, as pinturas da Igreja são do beneditino belga D. Adalberto Gressnicht, auxiliado pelo irmão Clemente Maria Frischauf. A respeito de D. Adalberto, conta Leonardo Arroyo que era considerado "um homem notável, dotado de vários predicados. Depois do seu trabalho em São Bento, foi chamado para decorar a igreja de Santo Anselmo em Nova York. Em seguida foi para a China construir igrejas. Em Roma esculpiu o túmulo de Pio XI. Monge bem dotado, escultor, pintor, arquiteto e cantor".
As esculturas sobre a trave da capela-mor foram feitas em 1921 por Anton Lang, sendo restauradas recentemente - duas delas (Adão e Eva).
ALTAR-MOR
O altar-mor foi realizado na Itália, os detalhes em bronze são das oficinas da abadia belga de Maredsous, e as imagens de N. Sra. das Dores, Santa Ana, Santa Gertrudes e dos doze apóstolos, que estão na nave, foram feitas entre 1919 e 1922 pelo belga Adriano Henrique Emelen . Algumas imagens e pinturas da igreja colonial são conservadas no atual templo, sendo uma das mais importantes o Cristo Crucificado de autoria de José Pereira Mutas.
O RELÓGIO E ÓRGÃO
*O relógio do Mosteiro de São Bento, uma preciosidade mecânica de fabricação alemã, foi durante o século XX, até o aparecimento dos relógios a cristal de quartzo, considerado o relógio mais preciso de São Paulo. Durante uma momentânea pane, no início da década de sessenta, era comum ver os transeuntes do centro acertando a hora errada em seus relógios de pulso, tal a fama de precisão. Conta também com um carrilhão, sinos afinados, que tocam nas horas cheias e
nas frações.
*O órgão da igreja, foi fabricado na Alemanha em 1908, da empresa Späth, instrumento tocado durante as famosas sessões de canto gregoriano.
O complexo beneditino abriga também o tradicional Colégio de São Bento, fundado por D. Miguel
Kruse em 1903, e onde estudaram diversas figuras ilustres do estado e do país.
Fonte e fotos:
RUBIES, Eduardo José. Igreja e Mosteiro de São Bento. http://www.piratininga.org/igreja-de-sao-bento/igreja-de-sao-bento.htm>
Formatação e pesquisa:HRubiales