17 de jan. de 2010
CONFEDERAÇÃO DOS TAMOIOS
A Confederação dos Tamoios é a denominação dada à revolta liderada pela nação indígena Tupinambá, que ocupava o litoral do que hoje é o norte paulista, começando por Bertioga e litoral fluminense, até Cabo Frio, envolvendo também tribos situadas ao longo do Vale do Paraíba, na Capitania de São Vicente, contra os colonizadores portugueses, entre 1556 a 1567, embora tenha-se notícia de incidentes desde 1554.
ORIGEM DO NOME
O nome dessa confederação vem do vocábulo de origem tupi Tamuya, que quer dizer "o velho, o mais antigo", “os antigos donos da terra”.
POVOS ENVOLVIDOS
Além das nações indígenas dos Tupinambás, Guaianazes, Aimorés e Temiminós, estiveram envolvidos os colonizadores portugueses e os franceses. Estes últimos ocuparam a Baía de Guanabara, a partir de 1555, para ali estabelecer a colônia da França Antártica.
[INÍCIO DAS DISPUTAS
O governador da Capitania de São Vicente, Brás Cubas, pretendia promover a colonização mediante a escravização de indígenas.
Entre as práticas indígenas, estava o “cunhadismo”, pela qual um homem, ao se casar com uma mulher de uma determinada tribo, passava a ser membro dessa mesma tribo.
Por essa prática, João Ramalho, companheiro de Brás Cubas, desposou Mbici, também conhecida como Bartira, filha do chefe dos guaianases, o cacique Tibiriçá.
A colaboração dos guaianases com os portugueses resultou numa forte aliança que possibilitou, entre outros eventos, a fundação da vila de São Paulo de Piratininga, em 1554, pelos jesuítas Manuel da Nóbrega e José de Anchieta e pelo cacique Tibiriçá.
A rivalidade entre as diferentes nações indígenas, associada à necessidade de força de trabalho escrava para o empreendimento da colonização, fez com que portugueses e guaianases se lançassem sobre os tupinambás, aprisionando a aldeia do chefe tupinambá Caiçuru, sendo que todos os tupinambás aprisionados foram levados às terras de Brás Cubas.
Com a morte de Caiçuru no cativeiro, seu filho, Aimberê, passou a ser o chefe da tribo, insuflando uma revolta e conseqüente fuga do cativeiro.
A CONFEDERAÇÃO
Aimberê reuniu-se, onde hoje é o Rio de Janeiro, com os demais chefes tupinambás: Pindobuçu, da Baía de Guanabara, Cunhambembe, de Angra dos Reis, e Caoquira, de Iperoig.
Sob a liderança de Cunhambembe e com o apoio de outras nações indígenas, como os goitacases, os Tupinambás organizaram uma aliança contra os guaianases e portugueses.
Os franceses forneceram aos tupinambás armas para o confronto, visto que tinham interesse em ocupar a Baía de Guanabara.
Com a morte de Cunhambembe, durante uma epidemia, Aimberê passou a ser o líder da Confederação.
A estratégia de Aimberê consistiu em ampliar ainda mais a Confederação, de modo a incluir o apoio dos guaianases. Para isso, pediu a Jagoanharó, chefe dos guaianases e sobrinho de Tibiriçá, que o convencesse a deixar os portugueses e a se perfilar à Confederação.
EMBATES E VITORIAS DOS TAMAIOS
Tibiriçá deu a aparência de concordar com o sobrinho e propôs que a Confederação o encontrasse, a fim de desfecharem um ataque final contra os portugueses. Entretanto, Tibiriçá permanecia fiel aos portugueses e, quando os Tamoios chegaram, matou seu sobrinho Jagoanharó. Os Tamoios, contudo, previam a traição do cacique Tibiriça e avançaram sobre os guaianases e sobre os portugueses, infringindo pesada derrota, que resultou também na morte de Tibiriçá.
A TRÉGUA OBTIDA PELOS JESUÍTAS
Com a interferência dos jesuítas Nóbrega e Anchieta, foi selada uma trégua, em que os portugueses foram obrigados a libertar todos os indígenas escravizados.
FIM DA CONFEDERAÇÃO
O fim da trégua se deu com o fortalecimento da colonização portuguesa, com os portugueses se lançando sobre as aldeias indígenas, matando e escravizando a população.
Os tupinambás foram se retirando em direção à baía de Guanabara.
Contudo, em 1567, com a chegada de reforços para o capitão-mor Estácio de Sá, que fundara, dois anos antes, a vila de São Sebastião do Rio de Janeiro, iniciou-se a etapa final de expulsão dos franceses e de seus aliados Tamoios da Guanabara, tendo lugar a dizimação final dos Tupinambás e a morte de Aimberê.
CONSEQUÊNCIAS
Mesmo com a derrota final dos Tamoios, o empreendimento colonizador português compreendeu que seria difícil usar como força de trabalho os indígenas, dadas as rivalidades entre as tribos e a permanente desvantagem numérica. A possibilidade de rebeliões e de dizimação dos assentamentos coloniais era muito alta.
Ampliou-se, então, a prática da escravidão africana, com a prática comercial do escambo, utilizando a troca de pessoas por mercadorias, segundo o modelo econômico do mercantilismo. Desse modo começou o tráfico de negros da África e vendidos como escravos.
Fonte:
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