5 de fev. de 2010

O BANDEIRISMO


Essa "vocação interiorana" era alimentada por uma série de condições geográficas, econômicas e sociais. Separada do litoral pela muralha da serra do Mar, São Paulo voltava-se para o sertão, cuja penetração era facilitada pela presença do rio Tietê e de seus afluentes que comunicavam os paulistas com o distante interior. Além disso, apesar de afastada dos principais centros mercantis, sua população crescera muito. É que boa parte dos habitantes de São Vicente haviam migrado para lá quando os canaviais plantados no litoral por Martim Afonso de Sousa entraram em decadência, já na segunda metade do século XVI, arruinando muitos fazendeiros.
No final do Séc. XVI, começou um movimento para o interior, pois o Governo Geral deu impulso à busca de ouro e prata, dando um caráter oficial às bandeiras. E ainda, após choques com os colonos, os jesuítas fundaram missões (reduções) no interior. Isso despertou a cobiça dos bandeirantes, pois existiam milhares de nativos acostumados ao trabalho agrícola, muito mais valiosos que os 'índios bravos'. Dessa forma começaram a atacar as reduções.
Em 1580 se iniciou a "União Ibérica", fato que ampliou os choques de interesses entre grupos de portugueses e espanhóis; foi nesse quadro que a atividade bandeirante se desenvolveu, caracterizada principalmente pela preação do índio, principalmente nos grandes aldeamentos de jesuítas, em especial os aldeamentos de espanhóis, em regiões do interior como Guairá, Itatim e Tape, próximas aos rios da Bacia do Prata.
A partir de 1619, os bandeirantes intensificaram os ataques contra as reduções jesuíticas, e os artesãos e agricultores guaranis foram escravizados em massa. No entanto, muito antes de surgirem os primeiros aldeamentos na bacia do Prata, os paulistas já percorriam o sertão, buscando na preação do indígena o meio para sua subsistência.
As reduções organizadas pelos jesuítas no interior do continente foram, para os paulistas, um presente dos céus: reuniam milhares de índios adestrados na agricultura e nos trabalhos manuais. No século XVII, o controle holandês sobre os mercados africanos, no período da ocupação do Nordeste, interrompeu o tráfico negreiro. Os colonos voltaram-se então para o trabalho indígena. Esse aumento da procura provocou uma elevação nos preços do escravo índio, considerado como "negro da terra", e que custava, em média, cinco vezes menos que os escravos africanos
Embora a caça ao índio tenha ocupado a atenção dos bandeirantes até meados do século XVII, desde os primeiros tempos da colonização houve tentativas de descobrir metais preciosos no sertão brasileiro. Ouro e prata eram, na verdade, a primeira coisa que os europeus procuravam em toda parte no período das grandes navegações
Ao final do período de União Ibérica, São Paulo viveu um movimento social inusitado, uma revolta, caracterizada como "nativista" e que passou para a história como "Aclamação de Amador Bueno como Rei de São Paulo". A noticia da restauração portuguesa, chegada a São Paulo apenas em 1641, fez com que grupos de espanhóis que viviam na região estimulassem um movimento popular que pretendia negar os direitos do novo soberano de Portugal sobre a região, aclamando Amador Bueno, de origem espanhola, como Rei de São Paulo. O próprio Amador Bueno recusava o título e a revolta perdeu força devido a ação dos padres beneditinos da cidade.
Fonte:
www.historianet.com.br
Formatação e pesquisa: HRubiales